O LIVRO DA VIDA, SELADO COM 7 SELOS
Todo ser humano ao nascer traz consigo a suprema vocação do amor de Deus. Ele é destinado por seu Criador à vida eterna e tem registrado o seu nome no Livro da Vida. O seu registro definitivo ou a sua exclusão desse livro ocorrem no momento em que seu caso é levado a juízo ou julgamento, quando toda a sua vida é repassada diante do Tribunal de Deus e é decidido o seu destino eterno. A palavra selamento, como está empregada no capítulo quinto do livro do Apocalipse, significa julgamento. Selar alguém, no contexto da profecia, é o mesmo que inscrever definitivamente o seu nome, depois de julgamento, nos registros representados pelo Livro da Vida, selado e mostrado na mão direita de Deus.
Quando o caso de alguém é levado ao Juiz de
toda a Terra, no Supremo Tribunal do Juízo Celestial e é justificado por seu
Advogado e Sumo-sacerdote Jesus Cristo, ele está definitivamente selado, salvo
para a vida eterna.
O juízo de Deus, que está manifesto em toda a Bíblia Sagrada, começou
no dia 22 de outubro de 1844 e terminará com o fechamento da porta da graça, no
futuro. Para que esta afirmação seja feita de maneira tão direta e enfática é
necessário o pleno conhecimento do ritual instituído por Deus por meio de
Moisés, nas cerimônias típicas dos sacrifícios realizados no antigo santuário
terrestre.
A cerimônia realizada no dia mais importante do calendário judaico
deve ser destacada como a que apontava para o julgamento tipificado na abertura
do livro selado com sete selos no Apocalipse. Naquele dia os pecados perdoados durante o ano
todo e lançados sobre o santuário eram apagados pelo sangue do animal que
representava Jesus.
Quando Ele Se apresentou diante do Pai, no Santuário do Céu
– e é representado pelo “Cordeiro como havendo sido morto” (V. 6), se cumpre ali
o que era simbolizado na cerimônia do santuário da Terra: A purificação do
Santuário, pelo apagamento dos pecados que já haviam sido antes perdoados.
O cenário do Juízo e o seu início estão manifestos do quinto capítulo
do Livro do Apocalipse, que começa afirmando:
“Vi então na
mão direita daquele que estava assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito
de ambos os lados, selado com sete selos” (Verso 1).
O profeta Ezequiel também teve conhecimento do que foi revelado a
João:
“Então vi, e eis que uma mão se estendia para mim, e eis que
nela estava um rolo de livro.
E estendeu-o diante de mim, e ele estava escrito
por dentro e por fora; e nele estavam escritas lamentações e suspiros”(Ezequiel 2:9-10).
O relato profético continua:
“E vi um anjo forte, bradando
com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e desatar os seus selos (2)? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o
livro, nem olhar para ele (3)” (Versos 2 e 3).
Nenhuma pessoa, em todo o Universo, foi considerada apta ou em
condições de abrir os selos. Nem vivos e nem mortos (Estes são representados
como estando sob a terra) (v. 3)]. Nem mesmo Deus, o Pai Todo-poderoso poderia
abrir os selos, pois tinha que preservar a imparcialidade do Julgamento.
Acusado por Satanás, o Todo-poderoso continua como que “sub judice”,
não interferindo diretamente no julgamento, para que Sua imparcialidade não
seja contestada enquanto a acusação não for definitivamente esclarecida
O Criador e Sua lei tinham sido acusados por Lúcifer, muitos milênios
antes, no mesmo cenário do Juízo agora iniciado e diante de todos os anjos e dos
representantes de todas as criaturas inteligentes do Universo que dele
participam como testemunhas. O Juízo deve também mostrar a todos o resultado
dessa acusação. Vindicar a justiça de Deus, desmentindo a Satanás, ou dar a este
razão, se for provada sua acusação.
Desselar é o mesmo que abrir os selos do livro, para revelar o seu
conteúdo. E o conteúdo do livro selado é o relato da vida de todas as
pessoas que nasceram neste mundo, desde Adão até ao último ser humano que for
contado e julgado, no futuro.
Os sete selos são fases distintas, que revelam diferentes grupos de
pessoas que serão julgadas. Ao ser levada a juízo, cada pessoa terá o seu nome
definitivamente confirmado ou selado no Livro da Vida, se justificada por
Cristo, ou então será definitivamente dele excluída, se não for considerada justa ou
justificada pelo Tribunal do Céu.
“Eu chorava
muito, porque ninguém foi considerado digno de abrir o livro e ver o que nele
estava escrito” (Verso 4).
João chorou muito, com a possibilidade de o livro não poder ser
desselado ou aberto. Qual a razão de seu choro sentido? Certamente ele não iria
chorar sem motivo que justificasse o convulsivo pranto. Certamente ele não
choraria pelo fato de não serem conhecidos fatos da História da igreja cristã,
da queda do império romano invadido e de outros igualmente insignificantes no
contexto profético. Mesmo porque esses fatos já estavam revelados nas cartas às
sete igrejas.
O seu choro aflito remete a outro momento de terrível angústia
relatado na Bíblia, semelhante ao vivido pelo profeta do Apocalipse:
Ao rei Ezequias, sete séculos antes das revelações do Apocalipse, fora
comunicado que ele iria morrer em breve e por isso Deus mandou por intermédio
do profeta Isaías que ele pusesse em ordem sua casa, organizando suas coisas.
Então ele “chorou muitíssimo”
(Ezequias 38:1-5; 2 Reis 20:1-7).
Ora, um consagrado homem de Deus como aquele rei jamais choraria em face da
morte, se não tivesse uma razão muito mais forte e muito acima disso, pois ele
cria na ressurreição futura. Ele sabia que a promessa da ressurreição estava
relacionada com a vinda do Messias. Ele sabia que Se o Messias não viesse, não
haveria ressurreição dos mortos. E ele sabia, também, que pela promessa da
Palavra de Deus o Libertador prometido viria ao mundo pela geração de Davi,
passando por si e sua descendência. E Ezequias ainda não tinha um filho, esse
elo para o Messias. Esta foi a razão do seu choro sentido. Era o medo de ser interrompida
a sequência genealógica e frustrada a promessa de redenção, que deveria se
cumprir na futura ressurreição de todos os mortos justos.
Assim João chorou, também, pelo mesmo motivo, sabendo que se o livro
não fosse aberto, as sepulturas também permaneceriam fechadas e os mortos
ficariam nelas, retidos para sempre. Ele mesmo ouviu do Cordeiro que vive, mas
que tinha sido morto, que Este tinha as chaves da morte e da sepultura, como
está escrito:
“Quando O vi, caí a Seus pés, como morto. Ele, porém,
colocou Sua mão direita sobre mim, dizendo: Não Temas! Eu sou o primeiro e o
último (17). Eu sou Aquele que vive. Fui morto, mas estou vivo para todo o
sempre! E tenho as chaves da morte e
da sepultura” (Apocalipse 1:18).
Mas João foi logo consolado:
“Então um dos anciãos me disse: Não chores!
Eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi. Ele venceu para poder abrir o
livro e os seus selos” (Verso 5).
Estes são apenas dois dos títulos de Jesus, o Cordeiro de Deus,
repetidos ao longo das Escrituras.
A vitória de Jesus é sobre Satanás, a morte
e o pecado. Ela dá o direito à ressurreição e à vida eterna. Ao abrir o livro e
os seus selos Ele poderia começar a separar e a contar todos os que O aceitaram
e que serão justificados por Sua justiça. É tão certa a afirmação de vitória sobre a sepultura e a morte, que
houve grande alegria, regozijo e cânticos quando o Cordeiro recebeu o livro da
mão direita de Deus e foi achado digno de desatar os seus selos.
“Então eu vi em pé, junto ao trono e cercado
pelos querubins e pelos vinte e quatro anciãos, um Cordeiro que parecia ter
estado morto. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de
Deus enviados a toda a Terra (6). Ele veio e recebeu o livro da mão direita
daquele que estava assentado no trono (7). Ao receber Ele o livro, os
quatro querubins e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro.
Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos (8). E eles cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de
receber o livro e abrir os seus selos, porque foste morto, e com o preço do
teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação (9).
E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a Terra
(10) (Versos 6-10).
Jesus, pelo Seu sangue, comprou para Deus e para a vida, homens de
todos os lugares, de todas as épocas, julgados, contados e separados para o
Reino de Deus, a eterna salvação.
Os sete selos citados neste capítulo não podem ser, como antes
afirmado, sete acontecimentos históricos, ou a repetição da História do
cristianismo, nos moldes do que foi revelado através das cartas de Jesus às
sete igrejas da Ásia. E nem podem ser também acontecimentos relacionados com a
queda do império romano, como muitos têm entendido e ensinado.
Estes mesmos
sete selos são descritos no capítulo sexto do livro de Apocalipse, na sequência da revelação ao
apóstolo do seu conteúdo e significado, a partir de sua abertura, ou seja,
acontecimentos que somente teriam lugar a partir do ano de 1844, e para frente, no futuro.
As razões são óbvias: Primeiramente, pelo simples fato de que isso já
estava revelado por meio daquelas cartas. Em segundo lugar, pelo fato de que a
profecia sagrada não iria se demorar em fatos de duvidosa significação e
nenhuma importância, utilidade ou relevância no contexto dos palpitantes
assuntos relacionados com o fim da história do grande conflito entre Cristo e
Satanás. E finalmente, a pergunta: Por que João iria “chorar muito” por fatos
contextualmente insignificantes do ponto de vista escatológico, voltando os
olhos para a Idade Média e sua História irrelevante para os propósitos da
Revelação?
Definitivamente parece um contrassenso querer associar os sete selos
do livro do juízo com os fatos da História medieval. Pela sua importância e
pela solenidade com que é apresentado, este livro selado tem que ver com coisas
mais relevantes. Os sete selos parecem muito mais representar sete fases do
juízo, nas quais são julgados sete grupos de pessoas, seladas para a vida,
salvas para a eternidade.
Se o livro foi aberto em 1844, com o começo do Juízo, é racional
entender que sua abertura tem que ver com acontecimentos futuros, a partir
daquele ano, como está evidenciado a partir da sua sequência, no capítulo
seguinte, o sexto, quando Jesus, o Cordeiro, os relacionou, abrindo-os um por
um.
Ao profeta Daniel já havia sido mostrada esta cena da
abertura do julgamento no Santuário do Céu:
“Um rio de fogo manava e saía de diante dEle: milhares de
milhares O serviam, e milhões de
milhões estavam diante dEle: assentou-se
o juízo, e abriram-se os livros” (Daniel 7:10).
A mesma expressão utilizada por Daniel é usada por João ao se abrirem
os livros do Juízo Celestial. O número dos espectadores (milhões de milhões e
milhares de milhares) que testemunham o evento dá a noção da sua importância. E
dão também a certeza de que se referem ao mesmo evento, e de que a abertura dos
selos é a abertura do juízo, o selamento do povo de Deus, de todas as épocas e
lugares.
“Então olhei, e
ouvi a voz de uma multidão de anjos que circundavam o trono, os querubins e os
anciãos. E o número deles era de milhões de milhões e milhares de milhares” (Apocalipse 5:11).
Os capítulos 4 e 5 de Apocalipse – é importante repetir - se referem
essencialmente à obra de Jesus no santuário ou palácio celestial, que fica na
Cidade Santa, no planeta-sede do governo do Universo.
O quarto capítulo trata da primeira fase de sua obra intercessória e
do Seu ministério como nosso Sacerdote, logo que ascendeu ao céu, conforme
tipificado no ritual do lugar santo do santuário terrestre.
O quinto capítulo trata do começo do juízo, da separação dos que serão
salvos, do selamento dos justos, tanto dos santos mortos quanto dos santos
vivos; estes, os que serão julgados ou selados nos últimos dias, antes que seja encerrada
a oportunidade de salvação para todos os homens.
Conforme está firmemente expresso no ensinamento bíblico, em primeiro
lugar serão julgados os que são referidos como sendo o povo de Deus (Ezequiel
9:4-6; Apocalipse 11:1-2). Eles foram marcados ou selados com um sinal, representados
como os que “suspiram e gemem por causa das abominações” que são cometidas
dentro da própria igreja de Deus.
O juízo começou pelos santos mortos e somente depois, no futuro
próximo, é que terá lugar o julgamento dos santos que estiverem vivos. A
palavra “santos” tem o significado de “separados”. Eles são separados por Deus
e para Deus, tendo renunciado a este mundo e preferido o mundo vindouro, o
eterno Reino prometido por Jesus.
A parte final do capítulo remete à vitória final, depois do Milênio,
quando todas as criaturas do universo, numa única voz, manifestam sua alegria,
gratidão e adoração ao Seu Criador e Redentor:
“E ouvi todas
as criaturas existentes no Céu, na Terra e debaixo da Terra, e no mar, e
tudo o que neles há, proclamarem: Àquele que está assentado sobre o trono, e ao
Cordeiro, seja o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre” (Verso 13).
É somente depois da primeira ressurreição, na vinda de Jesus, que
aqueles que foram referidos como estando “debaixo
da terra” poderão manifestar vivos, a sua condição de vitoriosos.
Que o capítulo se refere ao juízo ou desselamento do livro e de
acontecimentos que se deram a partir
de 1844, pode-se depreender dos seguintes textos inspirados:
“Ao lavar Pilatos as mãos dizendo: "Estou inocente do sangue
deste justo", os sacerdotes uniram-se à apaixonada declaração da turba
ignorante: "O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos".
Deste modo, os guias fizeram a escolha. Sua
decisão foi registrada no livro que João viu na mão Daquele que estava
assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Esta decisão lhes será
apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há
de ser desselado pelo Leão da tribo de Judá”. (Ellen G.White -
Parábolas de Jesus, Cpb, pag. 294, destaquei).
“Foi o Leão da tribo de Judá
que abriu o livro, e deu a João a revelação do que deve acontecer nestes
últimos dias. Daniel ficou na sua sorte para dar seu testemunho, que
foi selado até ao tempo do fim, quando devia ser proclamada ao mundo a mensagem
do primeiro anjo. Esses assuntos são de infinita importância nestes últimos dias; mas
enquanto "muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados",
"os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá".
Como isso é verdade! O pecado é a transgressão da lei de DEUS; e os que não aceitarem
a luz com relação à lei de DEUS
não compreenderão a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens
angélicas. O livro de Daniel é
descerrado na revelação a João, e nos transporta para as últimas cenas da história da terra”.
(Ellen G.White - Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pag. 115,
destaques acrescentados).
Faz-se necessário o esclarecimento de que “a luz com relação à lei de
Deus” somente foi dada depois do ano de 1844, quando se cumpriram as palavras
de Deus, pelo profeta:
“Liga o testemunho, sela a lei
entre os meus discípulos” (Isaías
8:16).
O “testemunho” é o espírito de profecia (Apocalipse 12:17; 19:10). A
partir de 1844 a verdade sobre a restauração e imutabilidade da santa lei, especialmente
a do sábado bíblico começou a ser pregada em todo o mundo (Isaías 56:6;
58:12-14). É tão clara a Palavra de Deus que somente os ímpios não entenderão,
porque não desejam entender e permanecerão impiamente até o fim (Daniel 12:10).
Quando começou o Juízo, a verdade e a eternidade da lei de DEUS vieram
à luz e os solenes temas que desvendam os acontecimentos sobre o tempo do fim
começaram a ser conhecidos e a verdade que tinha sido jogada por terra começou
a ser restaurada (Apocalipse 10:10-11).
“O que havia de tão importante com aquele rolo? Ele registra o resgate
da raça humana da escravidão de Satanás e descreve a vitória última de JESUS
sobre o pecado”. (Nisto Cremos, Cpb, pag. 154).
Quando foi aceito o sacrifício de Jesus pelo pecado da humanidade e O
Cordeiro de Deus foi achado digno de abrir o livro e registrar nele os nomes de
todos os salvos, houve grande manifestação de júbilo entre todos os
participantes da cerimônia celestial:
"E os quatro querubins disseram: Amém. E os
anciãos prostraram-se e adoraram" (Verso 14).
E então teve início o Juízo.
O ANÚNCIO DO JUÍZO
Depois que compreendermos o anúncio, o início e a significação do
juízo, já podemos compreender quem são os que estão relacionados e selados
nesta primeira fase do ajuste final. Ela trata apenas dos que serão resgatados
por aceitarem o sacrifício de Jesus e que serão selados, contados e separados
para a vida eterna. Os outros, aqueles que rejeitaram o único remédio para o
pecado e a morte - o sangue do Cordeiro -, serão julgados numa outra ocasião,
depois do milênio, quando serão conhecidas as razões de sua condenação. Então serão destruídos, juntamente com Satanás e todos os seus anjos
rebeldes, num lago de fogo, numa segunda e definitiva morte. Serão mortos e
esquecidos para sempre.
O anúncio do Juízo foi descrito numa impressiva imagem de um anjo
voando pelo meio do céu, nas seguintes palavras da Revelação:
“Então vi outro
anjo voando pelo meio do Céu, tendo na mão o Evangelho Eterno para ser
proclamado a todos os que habitam sobre a Terra – a cada nação, tribo, língua e
povo (6). Ele dizia com grande voz: Temei a Deus, e dai-Lhe glória, pois é vinda
a hora do Seu juízo. Adorai Aquele que fez os céus, a Terra, o mar e as
fontes das águas (7)” (Apocalipse
14:6-7.
A compreensão do juízo se deu quando foi entendida e esclarecida a
profecia de Daniel da purificação do santuário. Dois anjos falavam e mostravam a terrível
abominação que Roma havia causado ao povo de Deus e principalmente ao Seu Evangelho,
mudando Sua verdade, jogando-a por terra e pisando-a. Ao ser perguntado até
quando Deus permitiria essa afronta um dos anjos respondeu:
“Até 2.300 tardes e manhãs e o
santuário será purificado!” (Daniel
8:14).
O estudo e compreensão desse texto esclareceu a mensagem do Juízo e
mostrou que a restauração do Evangelho Eterno se daria exatamente a partir do
dia 22 de outubro de 1844, quando começaria o julgamento dos santos, prefigurado
no antigo ritual judaico de purificação do santuário terrestre.
A profecia que não havia sido entendida por estar selada “até o fim do
tempo” (Daniel 12:4) foi compreendida finalmente quando um “livrinho aberto” foi
apresentado a João e comido por ele, sendo doce na sua boca e amargo no ventre
(Apocalipse 10:1-2 e 8-10).
Abre-se aqui um parêntesis apenas para identificar que o tempo considerado na profecia é o último tempo do fim:
Não há dúvida de que o tema apresentado por Daniel é o mesmo revelado
a João, pois o cenário, os personagens e o juramento proferido pelo Divino
personagem são os mesmos, nos dois livros:
Daniel: “E tu, Daniel, fecha
estas palavras e sela este livro até ao fim do tempo (12:4)”;
Apocalipse: “E disse-me: Não
seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo”
(22:10).
No tempo indicado o livrinho foi aberto. A partir do “fim do tempo” –
o ano de 1798 - em que acabou a
hegemonia do papado e as restrições à posse e estudo da Bíblia, o Apóstolo viu
a mesma cena que o profeta:
Apocalipse: “E vi outro anjo
forte, que descia do céu vestido de uma nuvem; e por cima de Sua cabeça estava
o arco celeste, e o Seu rosto era como o sol, e os Seus pés como colunas de
fogo” (10:1);
Daniel: “E eu ouvi o homem
vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a Sua mão
direita, e a Sua mão esquerda ao céu, e jurou por aquele que vive
eternamente...” (12:7);
Apocalipse: “E o anjo que
vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu, e jurou por
Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a
terra e o que nela há, e o mar e o que nele há... “ (10:5-6).
O tema e assunto que estava sendo tratado, não compreendido por Daniel
e que ele insistentemente ansiava saber, eram os acontecimentos finais da
história deste mundo e as “maravilhas” dos últimos dias, como o juízo final, o “tempo
de angústia, qual nunca houve”, o fim da “abominação da desolação”, a volta de
Jesus, a ressurreição dos mortos, o fim do grande conflito, do domínio do
pecado e a restauração do Reino de Deus ao Seu Israel.
As três respostas
mostram do que se tratava e quando se darão esses eventos:
Primeira resposta:
Será “depois de um tempo, de tempos e metade de um tempo”, ou seja,
depois do período da hegemonia papal antes mencionada (Daniel 7:25; 12:7). Os
acontecimentos se dariam depois
do ano de 1798. Mas a resposta não se limitou a esta data; ela foi além,
afirmando que seria depois dela,
ou seja, ainda mais adiante,
“quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo, todas estas coisas
serão cumpridas” (Daniel 12:7).
Segunda resposta:
Daniel ainda não entendera e tornou a perguntar (12:8): “qual será o
fim destas cousas?” E a resposta foi de que estas palavras estariam seladas até
os dias atuais, quando você está lendo estas linhas, ou seja, até ao tempo do
fim, os dias que estamos vivendo. A resposta cita acontecimentos que estão um
pouco adiante, no futuro próximo quando, em decorrência da maior perseguição
que jamais foi até hoje levantada contra qualquer povo ou pessoa, “muitos serão
embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos
ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (12:10). Então são dados dois
períodos que deveriam ser esclarecedores: 1.290 e 1.235 dias.
Desafortunadamente este dois períodos não têm sido devidamente
compreendidos, mas interpretados como tendo que ver com acontecimentos
medievais e que apenas confundem aquilo que deveria ser uma luz para os últimos
dias. Retrocedem no tempo, imaginando relatar fatos do passado, quando tratam
exatamente dos derradeiros atos do drama terrestre do pecado.
As duas referências revelam o que ocorrerá ao tempo do fim da terrível
abominação que será a segunda hegemonia futura do papado e da destruição do seu
oitavo e último rei; 1.290 dias depois que o papa Francisco tiver recebido o
poder como líder mundial, ou após 30 dias do seu banimento e destruição haverá
uma ressurreição especial e parcial (Daniel 12:2; O Grande Conflito, Ellen G.
White, pag. 637). A outra referência é o acontecimento que se dará 45 dias
depois, quando a voz de Deus revelará o dia e a hora da volta de Jesus (O Grande
Conflito, Ellen G. White, pag. 640).
Terceira resposta:
Nos dias de Daniel não houve
esclarecimento, mas agora se fez luz sobre o mistério. Falando sobre o mesmo
assunto e respondendo à mesma pergunta, no juramento do ser celestial está a
complementação da informação. Na afirmação de que não haverá mais demora Ele
declara que a consumação se dará quando for tocada a sétima trombeta. Nessa
ocasião será revelado o segredo de Deus. Nesse tempo haverá a ressurreição dos
santos, na volta de Jesus, também no período da sétima trombeta (Apocalipse
10:6-7; I Coríntios 15:52).
Fechado o parêntesis e esclarecido o tempo no qual se sucederiam os
eventos tratados, deve-se notar que a ordem para que a mensagem fosse dada,
depois do evento – o início do juízo - a todo o mundo (Apocalipse 10:11) indica
quem seriam as pessoas que seriam objeto da “medição” ou julgamento, ou
contagem, revelada nos versos seguintes ao texto apresentado (Apocalipse 11:1-2). Os textos bíblicos
são claros:
Apocalipse 11:1-2 – “E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara (de
medir); E chegou o anjo e disse: Levanta-te, e mede o santuário de Deus,
e o altar, e conte os que nele estiverem (1); e deixa o átrio que está fora do
templo, e não o meças...” (2).
A “cana” ou “vara” é um instrumento de medição. Medir o santuário de
Deus e os que nele adoram significa julgar as pessoas assim designadas como
sendo aquelas que O escolheram, e que serão por Ele escolhidas. Isto fica mais
claro quando examinado à luz do que Jesus ensinou:
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o
juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:1-2).
O “átrio que está fora do templo” representa os ímpios que não serão
julgados nessa etapa do juízo. O seu julgamento se dará após o Milênio, quando
ressuscitarem na segunda ressurreição, chamada de “ressurreição da condenação”
(Apocalipse 20:5 e 13; João 5:29).
Depois de serem julgados, ouvirem a sua sentença e reconhecerem a
justiça dela eles serão lançados juntamente com Satanás e todos os seus anjos
rebeldes no lago de fogo que os destruirá para sempre e purificará a Terra.
Esta é a segunda e definitiva morte, da qual não haverá mais ressurreição.
(Apocalipse 20:14 e 15; 21:8).
O julgamento dos ímpios será estudado adiante e será devidamente
esclarecido ao final. O que deve ficar claro, agora, é que o juízo ou
julgamento que está sendo tratado é o julgamento apenas das pessoas que serão
salvas.
“Antes de qualquer pessoa poder entrar nas
mansões dos bem-aventurados, seu caso deverá ser investigado, e seu caráter e
ações deverão passar em revista perante Deus. Todos serão julgados de acordo
com as coisas escritas nos livros, e recompensados conforme tiverem sido as
suas obras. Este juízo não ocorre por ocasião da morte. Notai as palavras de
Paulo: "Tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo,
por meio do Varão que destinou: e disto deu certeza a todos, ressuscitando-O
dos mortos." Atos 17:31. Aqui o apóstolo terminantemente declara que um
tempo específico, então no futuro, fora fixado para o juízo do mundo” (Ellen G. White, O Grande
Conflito, Cpb, pag. 548).
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